O psiqué da luta de rua

State Violence

Calango Negro 13/4/18;

Olá comunidade Anarquista,

/*Arquivo: PsiquéLutaDeRua.an
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* Condição Prévia: Ativistas com conhecimento básico sobre elementos de conflito.
*Condição Posterior: Ideias basilares para se ter uma noção de como buscar conhecimento para *resolução de conflitos violentos usando a defesa pessoal.
*/

import revolution.an*;

While (LutandoNaRevolução) {
if (negro) {
LutarJuntos ();
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EumBug ();
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# Aqui o estado e o capitalismo cai. Tem vermelho não irmão!

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(Indenting impossible through WordPress oppressive control (A))

Bom nos artigos anteriores eu falei um pouco sobre comunicação segura na internet. Disse diversas coisas que eu creio sejam de um teor importante acerca de como devemos nos portar diante de duas coisas. 1. Como agir rotineiramente na internet e; 2. Como buscar formas seguras de se comunicar pela internet.

Claro que o assunto é bem vasto e há quem possa descordar de determinados pontos. Porém, independente de concordar com os artigos anteriores, o que eu quis dizer foi… Busque se informar. Isso irá te ajudar. E não demanda nenhum conhecimento avançado para ao menos ter algumas atitudes básicas, que possam lhe conferir algum controle sobre seus dados.

Nessa série de artigos. Busco dissertar sobre a questão de conflitos contra grupos contrários aos nossos. Conflitos que possam comprometer a nossa integridade física. E o que fazer.

Introdução

No artigo de hoje veremos outro elemento que vejo o pessoal debatendo e que venho prometendo, a alguns, faz um tempo, esse posso dizer que tenho uma experiência mais avançada. É a questão de conflitos. Claro que o tema conflito em si, leva a tratados e livros sobre o tema, mas o conflito que me refiro aqui é aquele que demande uma ação energética e de violência para autopreservação, ou seja, a dita autodefesa. Me acercarei aqui sobre a defesa mais especificamente, pois, como bom anarquista, sei por experiencia que não há necessidade de ir até o seu inimigo. Ele se apresenta de graça sem fazer nenhum esforço de esconder isso. Também por acreditar que ainda não há uma maturidade no movimento para falar em ataque, mas sim em resistência, este muito importante para o momento que estamos.

Primeiro deixe-me justificar sobre o quesito ataque. Ataque demanda uma ação coordenada que visa eliminar algo ou alguém por algum motivo. Não creio que seja a capacidade que temos no momento e se sentir que chegou a hora, produzirei algo acerca do tema, que é bem extenso também. No mais meu foco aqui, é para indivíduos e grupos que buscam militar ou mesmo proteger pessoas, como é o caso dos black blocks, e sabendo do risco que correm, indivíduos buscam alguma forma de defesa eficiente que possam peitar o cenário real que existe ante tal conflito.

Ou seja, neste artigo especificamente, tentarei explicar algumas coisas básicas, para a defesa do indivíduo em diversos cenários. Mas como de costume, haverá outros artigos que expandem este mesmo cenário de autodefesa a agressão. Então fique ligado que semana que vem, tem outro artigo que disserta mais especificamente sobre o tema de lutas de grupos. Hoje focaremos no indíviduo.

Justificativas feitas vamos então ao que devemos entender.

O que devemos compreender quando sabemos que o conflito descrito acima é real e pode acontecer?

É resposta, como muitas outras é fácil e simples – entrarei em detalhes em artigos seguintes – buscar aprender uma forma de se defender. Não há nada mais simples que isso, e creio que qualquer um chegará a mesma conclusão. Porém como fazer isso?

Bom, depende. Anarquistas tem vários inimigos, e sabemos que alguns deles querem nos atacar pelo simples fato de existirmos. Também há aqueles que por conta de alguma forma que nos comportamos, ou por alguma de nos vestirmos, ou nos apresentarmos, mesmo que não sendo uns dos velhos inimigos declarados, podem querer atacar.

Então estamos perante a uma situação de vigilia relativamente constante, dependendo de quem seja ou onde esteja, de grau maior ou menor. Os nervos, devem ficar em segundo lugar, primeiro um estado da mente preparado para lidar com tais situações. O controle das emoções para agir de forma correta é a primeira coisa que qualquer um deve conhecer.

Para tal, normalmente o que vejo são as pessoas perguntando é; que tipo de arte marcial, ou forma de defesa devo praticar? Qual a melhor? Qual me deixará mais preparado? Sem contar uns vídeos sinistros ai no YouTube de uns loucos ensinando umas sandices.

Principalmente esse cara ai acima. Mestre Wong, meio popular na internet. 85% do que esse cara fala é loucura e você pode acabar se machucando. O resto tem algum fundamento, porém nem tudo que fala possui uma questão mais prática para um iniciante e, saber o que serve e o que não serve, sem experiência, é por você em risco. Se for buscar uma arte marcial, procure uma especialista de verdade.

A resposta é simples também, para todas essas perguntas, porém não tão óbvia para um total leigo. Qualquer uma que, antes de tudo, te prepare psicologicamente para um conflito e isso depende de quem te ensina e de como você treina. Existem as preferidas por ai, tipo o boxe, por ter boas técnicas de soco, o muay thai pelas técnicas de chute e defesa, o Jiu Jitsu (me refiro ao Jiu Jitsu brasileiro) e até o krav magá, por vender aquela ideia de eles te preparam para o combate na rua. Porém um soco de praticamente qualquer arte marcial no queixo, derruba boa parte dos seres humanos na terra, inclusive um lutador bem treinado. Um chute bem dado na costela (as últimas duas, na parte inferior, cartilaginosas e mais sensíveis que permite a expansão do tórax para a respiração) derruba qualquer marmanjo. Um chute na genitália para (stop!) um ataque e te permite outras ações, quedar alguém é fácil, não demanda anos de treino, seguir para uma posição de montada (que permite que você ataque o inimigo e não seja atingidx no rosto) já faz quem te ataca querer parar e desistir.

Verdade é que uma situação de conflito de rua, no nível individual, demora, na sua maioria das vezes, alguns segundos (não lembro uma situação que tive, me defendendo na rua, que realmente demorasse mais de 10 segundos e pode procurar por ai que especialistas na área vão dizer algo parecido, o resto é a conversa fiada e os xingamentos blá blá blá, mas o ataque em si, são só alguns segundos e pronto, só com uma exceção no meu caso. Por isso é bom estar minimamente treinado). Depois disso cada um vai para o seu canto. Quem te atacou com a cara de besta e você seguro para casa.

Mas eu gostaria de demonstrar de forma mais clara certas ilusões da arte marcial frente a luta de rua. Para isso vamos sair um pouco das ruas e entrar nos ringues. O que acontece num esporte de competição (luta), contrariamente a uma briga de rua são três coisas. 1. Tem regras; 2. Ali tem duas pessoas treinadas que sabem a base da luta do outro; 3. Há um intermediador (um juíz) com o poder de parar a luta a qualquer hora.

Acho que o lugar que melhor pode expressar isso, de forma clara, são as lutas de vale tudo que ocorriam e que hoje se transformaram no MMA (ou como alguns falam o UFC).

Lá na época do vale tudo (para quem já competiu sabe bem disso) falar que você ia usar socos e chutes para vencer uma luta o povo ria da tua cara. Era algo considerado inútil numa luta sem regras e ineficiente, pois no momento que você socava ou chutava você dava todas as ferramentas para te colocarem no chão e a partir dai começarem a trabalhar e vencer a luta. Então era simples. A não ser que a luta fosse entre duas pessoas inexperientes no chão a luta dificilmente se dava em pé tinha-se uma ideia de habilidades que seriam superiores a outra. A lógica era a seguinte, do mais fraco para o mais forte.

*nota: Quando comecei a lutar isto já estava sendo questionado. Porém ainda havia muita gente que tinha um certo descredito com as lutas em pé. Que ao meu ver só mudou no esporte quase que 2010 para cá.

Pugilismo (boxe) → Kickboxe (Muay Thai ou Kickboxe estado unidense) → Queda (Judô, Wrestling (mais especificamente a luta Greco Romana) e Sambo {nesta ordem do mais fraco para o mais forte}) → queda e finalização (Catch Wrestlling, Sambo e Jiu Jiutsu (brasileiro) {também da ordem do mais fraco para o mais forte}).

Então basicamente o que se observava a tempos atrás é que o cara de boxe perdia para o do Muay Thai, que perdia para o do Judô (aqui no Brasil) que perdia para o do Jiu Jitsu (ao ponto da galera tirar onda “E você acha que vai conseguir acertar um soco e um lutador de Jiu Jitsu”, é as coisas mudam kkkk). E essa era a lei. Então se você quisesse ganhar no ringue ou nas lutas você lutava Jiu Jitsu e tava tudo certo.

Porém, principalmente a nível mundial, a galera começou a ficar mais esperta e começou a incorporar vários tipos de habilidades para vencer uma luta, sem eleger uma especificamente. Porém vemos hoje que ter uma base forte em uma disciplina em pé (digamos um lutador profissional de Kickboxe), e uma noção avançada de chão (ter uma faixa marrom no Jiu Jitsu já é o suficiente para muitos atletas ai) é mais eficiente que ao contrário. Pois a luta em pé acaba com um golpe, e o chão deve ser trabalhado para se chegar a uma finalização (na maioria dos casos {na competição ok}). Então a hegemonia das lutas de chão foi questionada, sem necessariamente negar sua eficiência, sendo uma disciplina importante para adquirir outras habilidades igualmente importantes. Mas ainda sim havia outro problema.

As artes citadas acima, eram, e ainda são, consideradas as artes marciais mais adequadas para um combate corpo a corpo para diversos cenários. Pois elas são fortes, explosivas e são capazes de proporcionar, através de sua cultura de treinamento, lutadores e atletas fortes e preparados para uma luta. Por tanto outras artes marciais, mesmo tendo expoentes famosos, como o Karate Kyokushin (Vide Francisco Filho) eram negligenciadas. Até mesmo com alguns lutadores famosos como Cung Le do Sanshou, uma forma de kung-fu, ainda estavam sendo negligenciadas. Eis que veio o tal do Lyoto Machida e consagrou-se campeão do UFC usando técnicas do Karate Shotokan (e outras também ok. A galera ficou espantada, pois ao observar suas lutas era visível o uso do Karate durante quase toda a luta se não ela inteira), que até então era quase que infantilizado (literalmente, era considerado algo interessante para crianças começarem seu caminho nas artes marciais, por não ser uma arte considerada, combativa o suficiente para entrar nestes tipos de competições mais violentas).

UFC

Se você procurar, o Lyoto Machida não é mais campeão do UFC, porém isso voltou os olhos para lutadores que usavam golpes advindas de artes até então consideradas “fracas”, como golpes de Tae Kwon Do, quedas do Kung-Fu e outros golpes considerados para a rua, ou assinaturas de artes marciais consideradas “não ideias para esportes de combate mais agressivos (alguns dizem mais realistas também)” e isso deu um revival a algumas dessas artes marciais “fracas”.

Então por que eu fiz questão de dizer isso acima. Por que meu próximo ponto é se você deve apostar seu tempo em uma arte marcial ou não. Mas eu queria desmistificar a ideia de uma arte marcial ser necessariamente superior a outra. Não é bem a arte marcial, mas sim como você se prepara frente o que você vai enfrentar.

Então devo fazer uma arte marcial, ou não, para me defender nas ruas?

Só deixando claro que Artes Marciais que me refiro acima é qualquer forma de luta corporal. Boxe, Kickboxe e outras incluso, não só as orientais por motivos irrelevantes a esse artigo. Só para deixar claro, caso você conheça algo sobre o assunto ou tenha determinada opinião contrária.

A resposta é simples e direta. Sim.

Se você puder fazer uma arte marcial, é muito bom. Até por uma questão de saúde etc; mas se procura nas artes marciais uma forma de se defender e tem dúvida sobre isso, digo a você, sim faça! Vai lhe ajudar bastante. Você tem de entender, e não vou me adentrar em questões de Kata, Kati, antropologia e história aqui, mas que artes marciais são práticas de lutas estudadas, que servem e serviram para pessoas se defenderem em situações de combate real. Por tanto ela lhe dará o arcabouço necessário para você se defender contra alguém de forma eficiente. Porém faço algumas ressalvas aqui antes de seguir em frente com outros questionamentos e respostas.

Na minha opinião, um eximo especialista numa arte é derrotada por ela mesma.

Ou seja, a pessoa que entende muito de uma arte marcial e não entende de outras (ou conceitos básicos, como se defender de um soco no queixo), mesmo que de forma básica, corre o risco de perder, pois não estudou outras situações e cenários que aquela outra arte marcial pode lhe proporcionar. Então eu vou dar o exemplo mais claro que houve no cenário mundial de artes marciais envolvendo o Jiu Jitsu. O pessoal do Jiu Jitsu, teve que crescer seu nome em volta de lutadores de boxe e capoeira. Essa arte até então, de base oriental e estranha no cenário nacional, tinha pouca procura e expressão (isso lá no inicio). E para ter alunos, qualquer artista marcial sabe de uma coisa. Você tem que vencer lutas (ou ter alguém no passado que venceu, para vender seu peixe). Não importa onde esteja, mas o fato de você ser conhecido por derrotar outros artistas marciais advindas de lutas mais conceituadas te dá crédito nesse ramo e fazem as pessoas te procurarem. Sabendo o básico dessas artes o Jiu Jitsu se desenvolveu como forma de não só ser uma arte de defesa pessoal, mas também uma forma de combater essas outras artes. O óbvio era levar esses lutadores para onde os lutadores de Jiu Jitsu se sentiam confortáveis e os outros não. Que era a luta de chão.

Saiba que uma luta em pé, bom – isso pode ser óbvio – mas não tanto assim, ele para ser eficiente precisa estar em pé. Suas técnicas dependem de um conjunto de base onde estando em pé elas conseguem agir de forma eficiente. No momento que elas estão dominadas no chão – e levar alguém que não sabe se defender de quedas ao chão é relativamente fácil – os lutadores de Jiu Jitsu tinham uma vantagem que construíram seu nome em cima disso durante décadas. E não só isso, mas sabendo de sua vantagem sobre as lutas de pé, mas de uma certa deficiência em quedar, ou seja, para combater outras formas de luta que se utilizam de quedas, seus lutadores (especialmente o Rolls Gracie) começou a induzir seus expoentes a outras lutas de chão como a Greco Romana e o Sambo russo (até mesmo o boxe).

Isso fez com que os lutadores de Jiu Jitsu, quando esta arte explodiu no mundo, tivessem vantagem inclusive sobre expoentes de outras artes de luta no chão, pois já tinham treinado elas e souberam adaptar sua forma de lutar, seguindo a lógica do seu inicio já descrito acima. O problema dos lutadores de Jiu Jitsu é o que disse acima “ um eximo especialista numa arte é derrotada por ela mesma”. A ultra especialização, e a sacada dos lutadores de Jiu Jitsu a anos atrás, quando lutavam contra boxers e capoeiristas, foi justamente aquilo que os fizeram ser questionados e agora seus expoentes produzem discursos mais leves e diferenciados que o de anos atrás, sobre a hegemonia de sua arte. Pau que dá em Chico dá em Francisco, como diz o ditado. O pessoal começou a, ou a utilizar de técnicas (oriundas de diversas artes com enfase em luta de solo) para não irem para o chão contra um lutador de Jiu Jitsu, ou, aprender quando ir ao chão contra um lutador de Jiu Jitsu, explorar a guarda contra estes. A hegemonia de décadas foi por água abaixo. Claro que esta arte ainda é altamente respeitada, e sinceramente não queira ter que lutar contra umx lutadorx dessxs. Elxs são bem preparadxs.

Porém meu ponto aqui, o que estou querendo ilustrar é que luta, por mais, digamos, imprevisível que ela possa ser, tem uma lógica muito simples por trás dela, ou qualquer outro conflito de natureza física. Elimine os pontos fortes do seu inimigo e use os seus fortes contra ele.

Então este é o ponto que quero deixar claro para você. E o que isso tem haver com a pergunta acima.

Ao escolher uma forma de combate, seja ela qual for, não se limite a ela somente. Saiba que luta é luta. No ringue ou na rua, ganha quem sabe usar o quem tem melhor e quem está melhor preparado para a situação (vou explicar isso mais a frente, com mais detalhes). Se você só sabe Karate, mesmo que o cara não for lutador de Jiu Jitsu, se ele te levar para o chão e fica na montada, você pode se encontrar em problemas sérios.

Não existe disciplina de artes marciais totalmente completas.

Elas são, normalmente, uma resposta, a uma determinada situação, e com isso se tornou eficiente em lidar com aquilo.

Então saiba que sim, é interessante você ser um especialista em uma arte, este é seu ponto forte. Ela te ensinará a lidar com cenários diversos onde aquelas técnicas serão úteis. Todavia, saiba que o axioma das artes marciais é que elas não são completas, por tanto treina outras também, para entender outros cenários e formas de luta, adaptando assim sua forma de lutar e o tornando uma pessoa com uma visão mais realística sobre cenários diversos acerca de conflitos violentos que por ventura você possa se encontrar.

Mas eu não tenho dinheiro ou recursos, ou até mesmo, não há nenhuma academia de artes marciais na minha cidade. Como faço?

Primeiro deixe-me esclarecer umas coisas. Mesmo se você tiver dinheiro, ou recursos – e recursos não quer dizer grana para treinar em uma academia, pode ser que você conheça alguém que seja mestre em alguma arte marcial, ou mesmo na sua cidade há algum programa que ensina artes marciais gratuitamente, mesmo não lhe graduando, ou permitindo que você lute sem a vestimenta adequada – para treinar com alguém que teve instrução sobre artes marciais é, obviamente, mais desejável que lutar sem ter esse apoio. As questões são relevantes a; técnicas e a segurança de teu corpo. Praticar artes marciais da forma errada pode lhe conferir prejuízos a sua saúde a médio e longo prazo e não saber certas dosagens, pode lhe conferir danos permanentes (inclusive tem casos de mortes abafadas ai, por conta disso). Concluindo, ter alguém que possa lhe instruir é melhor sim. Porém aqui vai duas ressalvas.

A primeira e mais importante, caso consiga treinar com um instrutor. Tenha cuidado. Há dois tipos de instrutores que você deve se precaver. Aquele que te engana com histórias falsas, ou artes falsas e golpes inexistentes na arte marcial que não passaram ao crivo do teste. E não estou falando de uma questão de raciocínio ou proposta de lógica sobre uma situação. Falo de pessoas que ensinam “anti-técnicas” (tipo o mestre Wong acima, um bom exemplo) e invés de lhe conferir uma defesa, tem instruem para sua destruição ao tentar fazer algo. Então cuidado. Não falo de Federação e isso ai dá uma certa tranquilidade sobre o fato de o instrutor ser alguém devidamente qualificado, mas não reflete conhecimento sobre a arte necessariamente, e por vezes Federação é mais politica do qualquer outra coisa. Mas digo artes falsas mesmo, ou mestres falsos etc. Por que tem gente que é até bem intencionada, mas deve ser claro que a pessoa não conhece aquilo e tem muita gente que imprime certificado falso ai e bota uma faixa preta na cintura e começa a ensinar uma arte, vai para uma academia, com dois ou 3 alunos e começa a dar aula sem entender direito o que está fazendo. Cuidado com os orientalistas das “porradas mágicas” também. Se afaste disso sempre.

O outro é aquele professor que está querendo se elevar a todo custo nas costas de seus alunos. Então eles querem fazer mirabolantes formas de agressão gratuita, que de nada lhe vai conferir em termos de conhecimento sobre lutas, e simplesmente querem te deixar preparados para ganhar campeonatos. Digo até para quem quer seguir o caminho de campeonatos (cujo não desencorajo), o faça com alguém que realmente possa lhe guiar nesse caminho. Já passei e vi cada loucura em minha época de lutas, que hoje nem sei por que eu me prestei a certas coisas totalmente inúteis. Sem contar que nem sempre tais formas de treino te preparam para a rua.

Um exemplo interessante disso, creio que relativamente recente, foi um mestre de Jiu Jitsu que fazia o tal batismo (quando o aluno troca de faixa, nesse caso era de faixas pretas), pegando um dos alunos, segurando sobre a cabeça e arremessando ele sobre o tatame, sem chances do estudante conseguir se defender da queda (aqui). A uns anos atrás outro caso famoso foi de um instrutor de Karate que nocauteava de forma violenta todos os alunos, dizendo que aquilo era prática comum. Bom, no caso do primeiro eu acho que foi falta de informação. Não sei como são suas aulas, mas eu evitaria um instrutor que faça qualquer tipo de atitude similar. Os ritos de passagem acontece. Eu mesmo quando passei de uma faixa de determinada arte o pessoal fez um corredor polonês e deram “faixadas” em mim, mas na brincadeira, nada para doer de verdade, ou atingido algum local sensível. Diria que isso ai não tem problema, nos casos acima eu acho problemático. Demonstra incapacidade no que faz. Caso não seja intimo das artes marciais, isso seria comparado a um professor chamar um aluno de 13 anos de burro por que tirou um 0 em história e expor isso no YouTube achando o máximo. Entende a dimensão da coisa?

No caso do segundo eu acho picaretagem mesmo. Sabendo disso hoje, com o raciocínio que tenho (já fui expulso de uma academia exatamente pelo que vou falar, e não me arrependo, muito pelo contrário), se eu sentisse que um professor, eu como um faixa branca, soltou um golpe para me nocautear, eu defenderia e responderia na mesma moeda e no próximo dia não voltava mais lá. Não é assim que funciona o ensino das artes de combate. A coisa é gradual, tem toda uma pedagogia, é estudado, não só a questão da defesa em si, mas de questões legais também e psicológicas. Todo instrutor sabe primeiros socorros. E vê, conforme o progresso do estudante, formas de usar técnicas mais avançadas até técnicas de nocaute, mas com o estudante devidamente avisado, protegido e preparado. Caso o contrário saia de lá e treine “sozinho”, nosso próximo ponto.

Respondendo a pergunta acima, sim é possível. Não só é possível treinar sem um instrutor, de forma segura e eficiente, mas atingir um nível necessário para se defender na rua. Pelo menos técnicas que podem ser bem desenvolvidas, para se defender de ataques rotineiros.

Como fazer isso? Demanda algumas coisas básicas, mas não é difícil.

Primeiro é encontrar umx parceirx de treinos. Não só digo primeiro, mas quase essencial. É muito difícil, especialmente para quem não tem treino algum, a pessoa de forma sozinha conseguir obter a eficiência das técnicas ensinadas. O método para fazer isso é, baixar algum curso completo pela internet e treinar com seu colega. Já darei mais detalhes sobre a questão do curso. Ter umx parceirx de treinos é importante, pois conforme segue o curso, ter alguém que possa lhe corrigir (ver que não está igual ao vídeo, buscar outras fontes para aquele golpe etc), que possa treinar contigo, que você possa ver os erros também e ter essa troca é o que faz você absorver as técnicas ensinadas. Fazer o sparring (lutas de prática) te traz a realidade do uso das técnicas com alguém lhe atacando, e óbvio que boa parte das video aulas, são feitas por instrutores, especialmente os vídeos mais antigos (fica a dica), devidamente conhecidos no meio e que foram escolhidos por trazerem formas de ensino eficientes sobre as técnicas de determinada arte. Isso, até para quem tem um instrutor é essencial ao aprender uma arte marcial, para quem não tem, digo que a única forma que conheço. Mas tem os McMestres ai na internet fazendo vídeos também (Mestre Wong!). Tome cuidado. Como é pela internet, é mais fácil checar credencias etc. Há também alguns cursos online. Os Gracies (Jiu Jitsu) tem um, o Jon do Tactical Hapkido também tem. Mas digo que tenha certa cautela, se você não tem grana para treinar e quiser juntar com alguém para pagar esses dojos de internet (que basicamente assessora seu treinamento a distância) pode ser que mais tarde sux companheirx não queira, ou não possa, mais treinar por qualquer motivo e você pode ficar em situação um pouco difícil. Mas encorajo quem não tem acesso a nenhum instrutor minimante confiável, ou não tem recursos, que faça isso.

Caso você esteja sozinho nessa. Eu posso lhe dar alguma ajuda, caso queira. No entanto, vários dos vídeos tem as técnicas básicas que você pode exercitá-las e eu acho melhor isso que nada. Mas para aprender algo sem a ajuda de absolutamente ninguém, eu diria para aprender lutas em pé e não escolher lutas de chão, pois é quase impossível, na minha humilde opinião, aprender luta de chão sem pelo menos umx parceirx. No entanto, veja as lutas de chão, entenda como funciona. Há diversos exercícios chamados de Drills (tipo Drills Jiu Jitsu, vai aparecer algo lá) que você pode praticar e com algum conhecimento sobre o golpes podem lhe fornecer um mínimo de ajuda, caso se encontra nessa situação. No mais eu não recomendo (nem a galera do Jiu Jitsu faz isso. Olhem os videos do Relson Gracie falando da loucura de ensinar alguém a levar a luta para o chão em certos cenários de defesa pessoal) que ninguém escolha ir ao chão ao se defender de alguém. É notório que isso é bem perigoso. Há vídeos ai na internet do pessoal botando alguém para o chão e vir outra pessoa do nada e dar um chute, paulada, aplicar um mata-leão etc. A ideia de entender o chão é, como não ir para lá, ao ir como sair e se tiver que trabalhar lá o que fazer. Mas não é o preferencial em um cenário de defesa pessoal, pois nunca se sabe de onde pode vir um ataque. Mas muito importante saber, pois acabar no chão em uma briga é bem real e provável. Mas tente não levar a briga para o chão. Tatame e ringue você tem certeza que é um duelo. Se tem isso como uma habilidade sua, legal! Porém na rua não há certezas. Então é bom estar precavido sempre. Teja o chão em dia, mas se mantenha em pé e em guarda sempre. Tenha preferencia sobre lutas em pé, não importa o que um primo ou amigo seu diga. Realidade é realidade e o que encaramos é algo mais complexo que demanda o preparo físico e mental certos.

Sobre a escolha de uma arte que te daria efetividade sobre o que você vai fazer, tendo em vista que você está, preferencialmente, com umx parceirx é, devido ao fato de não ter instrutor (digo esse cenário específico, caso contrário, vá onde se sentir melhor), se manter em artes fáceis de dominar e que não sejam muito complexas, porém eficientes. O pugilismo (boxe) é uma boa. O kickboxe também. O Jiu Jitsu já fica um pouco mais complicado, porém eu diria para dar uma olhada e praticar também. Mas o básico é bom e não é complexo. Muito pelo contrário. E veja vídeos de auto defesa. Saiba uma defesa contra faca, paulada, soco inglês, arma de fogo. Tudo isso ai tem estudos e princípios que estudados de forma correta lhe renderam uma prática de atitudes importantes ao se defender. Principalmente entenda a parte psicológica da briga de rua e da luta em si. Isso, mais os passos acima, lhe fornecem um começo de formas de se defender eficazmente.

E só deixando claro. Porque eu não falei de Karate, Tae Kwon Do, Aikido etc, acima. São formas interessantes de luta também. O básico pode ser usado de forma eficiente (vide como Anderson Silva nocauteou Vitor Belfor (aqui) and Semmy Schilt ganhou o campeonato K1 (aqui). Aquilo serve na rua também. Chute básico de Karate e Tae Kwon Do) e não é difícil de aprender. Porém essas artes, ou artes orientais de forma mais generalizada, normalmente são mais complexas. E ter um instrutor é interessante, pois as bases se feitas de forma errada podem lhe render problemas no joelho. O soco do Karate se praticado de forma errada, pode lhe render problemas no cotovelo, ou no punho também. O Aikido praticado de forma incorreta (e desculpe ai quem pratica Aikido, mas não só o Morihei Ueshiba deu esporro geral e quase abandonou, vendo o nível dos estudantes, mas o que vejo ai de mágica oriental e pouca forma de usar aqueles técnicas, que há como serem aplicadas num conflito, de forma real não tá no gibi. Os caras apanham por não saber usar as técnicas que aprendem. De forma geral claro, há bons instrutores, expoentes e muita gente absorveu algumas críticas e passou a tentar consertar certas práticas) pode lhe colocar em risco de vida real, caso precise usar. As vezes também demora-se alguns anos para conseguir algum efeito significativo em lutas. Conheço gente que é segurança e faz Aikido e consegue usar as técnicas de forma eficiente. Mas é a noção de como treinar essas técnicas é que difere tudo. Dai eu deixo vocês ao estudarem isso ai. Tem muito material sobre esse assunto de como treinar técnicas de arte x ou y de forma eficaz hoje em dia.

Falando na parte psicológica…

Bom eu diria que a parte psicológica é a parte mais importante ao se estudar qualquer forma de enfrentamento ao conflito (seja ele qual for). Estar frio, sereno, saber a atitude certa a ser tomada, ter a noção realista da situação, estar confiante, não subestimar o seu adversário, e saber afetar ele psicologicamente são alguns (este último talvez o mais) importantes pontos para se ter em mente na hora de se aprender uma defesa pessoal.

Então o primeiro ponto que eu diria, é seja lá o que treine, tente enxergar as técnicas que está aprendendo de forma a constantemente se perguntar: Como vou usar estas técnicas caso eu sofra um ataque? Que ataque é esse? Em que local estou? Num local apertado? Que técnicas posso usar? Rua? Onibus? Pode ser usado, ou não? Será que há uma forma de sair de um cenário desfavorável para as técnicas que aprendi frente a situação para um mais favorável? Etc.

Ao responder questionamentos dessa natureza, monte cenários. Comece devagar. Estude como fazer isso de forma segura e eficiente. E vá aos poucos treinando isso no intuito de aprimorar tais técnicas frente a situações diversas. Por exemplo. Algo que pouca gente pratica. Se alguém te puxa e você fica com as costas contra um carro, ou uma mesa. Como você sai dessa situação com essas técnicas que você aprendeu? Será necessário aprender algo novo, de algum lugar que você não viu ainda? Onde está a resposta? Como praticar isso de forma segura e eficiente? Existe um raciocínio ou lógica que devo estudar? Conforme for perguntando e encontrando respostas você(s) vai(ão) encontrando soluções cada vez mai eficazes. Isso não é só importante para que você aprenda o que fazer, dada uma certa situação. Mas começa a construir uma confiança real sobre suas habilidades frente a situações de conflito fora do ambiente controlado (tatame ou ringue).

Outro exemplo. O que você verá na internet sobre ataque em grupo, ou seja, quando um grupo de pessoas lhe atacam são respostas. Mas se pergunte sempre. Como isso funciona? Quais são os cenários mais comuns de ataque de grupos? Quais os incomuns? Como fizeram as pessoas que conseguiram se defender contra tais ataques? E em que situação se deu? É a mesma situação que eu possa vir a enfrentar?

Ao tentar encontrar essas respostas. Encontrará linhas de raciocínio de pessoas da área que entendem sobre o assunto, e óbvio, praticar tais habilidades. Você terá respostas sobre isso, mas também passará a entender a lógica dessas coisas e até improvisar de forma eficiente quando algo acontecer. Tudo isso colabora para que sua atitude perante esses conflitos seja o de se manter de forma segura e eliminar o perigo que, por ventura, venha lhe ocorrer.

A prática em lutas lhe provê autoestima sobre a resolução de conflitos físicos. Com a educação correta, não achar também que tudo se resolve na porrada.

Só uma observação, cuidado com a cultura de não agressão a qualquer custo, ou ter tanto cuidado ao não reagir, que acabe sendo agredido, saiba; se alguém está indo em sua direção para lhe atacar, você negociando esta situação ou não, e esta pessoa entra na seu área de ataque. Não pense duas vezes. Se defenda.

Então compreenda o seguinte. Não procure a encrenca. Pois isso lhe renderá mais encrenca. Mas, se ela lhe procurar, esteja preparado. E isto vêm através do entendimento das técnicas e de sua prática. Pois entender como receber um soco. É bom! Pois quando isso acontecer, você sabe que realidade é que nem sempre um soco lhe nocauteia. Demanda prática. E caso a pessoa fique nervosa as técnicas passam a não funcionar tão bem. Dando inicio a erros gravíssimos durante um conflito. A coisa mais famosa sobre isso é o tal do trash talk, que são provocações entre lutadores, cujo Mohamed Ali era famoso em fazer e usar para afetar seus adversários antes da luta. No entanto na rua isso se dá de forma quase que inversa.

Num ringue, o confronto é inevitável. Ele vai acontecer. E não há muitas surpresas, pois todo mundo sabe quais os pontos fortes e fracos de um lutador, e as regras são claras (normalmente). Basta então provocá-lo. Fazer algo para que ele perca esse equilíbrio mental, no intuito de fazer x lutadorx cometer erros fatais que lhe sagraram oportunidades de vencer uma luta. Não cair neste tipo de provocação, ou até mesmo provocar de volta faz parte do esporte combativo. Criar um nome em volta de si. De vitórias, por mais que sejam feitas em oponentes fáceis, cria no outro uma sensação de cuidado redobrado, tensão e medo. Tudo isso pode ser capitalizado para que um lutador vença o outro.

Na rua, isso funciona mais ou menos. Pois querer demonstrar força sozinho (digo de situação individual) pode funcionar. Isso pode evitar alguns problemas, como assalto, é um bom exemplo. Normalmente quem procura roubar algo, está a procura de um alvo que lhe garanta o assalto sem ter que lidar com reações ou problemas. No caso que menciono aqui. A força está no grupo. A ideia de boa parte de pessoas que atacam anarquistas, não é analisar se ele é ou não, ou parece poder, ser capaz de se defender. Muito pelo contrário. A ideia é isolar essa pessoa para realizar um ataque. Sempre surpresa. Não necessariamente pelas costas, ou algo que você não perceba que será atacado. Mas tendo a ideia clara de que você está isolado do grupo e por tanto pode ser atacado. Ou que o grupo, sendo pequeno (2 ou 3 pessoas, por exemplo) pode ser atacado também.

Nisso consiste uma postura diferenciada por conta de nós anarquistas. É uma postura de nem vítima, nem agressor (me refiro a leitura do subconsciente de quem quer lhe agredir). Quem lhe olha, pode não querer lhe ter como alvo principal. Mas também não deve se colocar numa posição de revelar que você sabe se defender, ou treinou, ou está treinando, para tais situações. É uma postura que digo, confortável. Sem medo e sem soberba. Eu acho que só demonstrando isso em um vídeo, mas espero que você esteja entendendo.

Então eu diria que seria algo do tipo. Não aparente ou construa músculos gigantes, nem use camiseta que demonstra na rua que você pratica alguma arte marcial, ou tenha uma postura e visual agressivo para esses grupos. Deixo-os pensar que você, para outros pode não ser um alvo fácil, mas isolado, é um alvo potencial (não fácil, potencial!) para eles. Dai caso estes grupos resolvam lhe atacar, se faça de vitima. Negocie com eles. Mas sempre a distância. Se possível cruze a rua. Não há vergonha em sair do caminho deles. 3, 4, 5 contra 1 e as vezes armados com facas e outros, é sempre covardia. Nunca é uma luta justa. Então não se cobre dessa forma.

Mas caso se encontra nessa situação, jogue de vitima. Mantenha a distância segura, para não ser atingido. E no momento que um deles cruzar a sua linha de ataque (onde seus socos e chutes alcançam), não pense duas vezes. Você falou que não queria confusão, você se fez de vitima, então o ataque já começou. A parte física é somente uma continuação disso.

O efeito psicológico em se fazer de vitima para algozes, é o da ilusão de lhes conceder poder. E isto tem de ser algo genuíno para eles. Me encontrei algumas (e poucas ainda bem) vezes neste tipo de situação. O que fiz, é o que recomendo a qualquer um. Eu levanto uma mão na frente e deixo a outra atrás como um sinal de “não quero encrenca, sou da paz”, dai a coisa meio que se repete (mas só funciona neste tipo de situação, para mim. Cada situação e individuo é diferente. Há lógica, não fórmula mágica). Um dá um passo a frente. Mas eu continuo com minha mão a frente, um pouco inclinada. Quando esta pessoa entre na linha do meu soco eu desfiro um direto no queixo. Caso ela esteja sozinha, eu sigo para cima e passo a ameaçar e chutar. No intuito de intimidar e revisto para ver se ele não tem uma faca ou algo assim para usar contra mim no momento que eu estiver saindo. Sempre com atenção ao periférico.

Como esse cenário só aconteceu uma vez. A outra foi contra grupos. E o que acontece parece replay e têm vídeos ai que você podem confirmar. Vem o primeiro e toma um soco e cambaleia para trás, depois vem o segundo (e talvez o terceiro também, eles adoram vir em três). Dai, o segundo vai, por alguma ilusão que ele tem, tentar reagir de forma rápida contra você, pois você agrediu o parceiro dele. Mas como você se fez de vitima, atacou, e ele achando que você é uma vitima, mas agora desconcertado com a situação, chances são que ele vai vir aberto. Outro soco, outro nocaute. Dai se não parar o outro vai fazer a mesma coisa (seja ele o terceiro, o que apanhou primeiro). E agora eles vão manter a distância para tentar trabalhar uma forma de te derrubar (seja queda, soco, arma, o que for). Mas eu recomendo que pelo menos um dos seus nocautes, seja visceral contra eles. Em situações mais comuns de ataques assim, isso já meio que lhe garante que os que lhe atacaram desistirem e irem embora (e de boa. Isso acontece em segundos). Mas como estou falando de carecas e fascistas, chances são que eles, caso você NÃO tenha apagado um deles. Eles vão continuar o ataque. Se você APAGOU um deles, chances são que eles vão pegar o cara apagado e você tem a chance de cair fora. Caso NÃO eles vão manter a distância e tentar lhe atacar.

Nesse momento, eu recomendo que mude a postura. De uma de parecer vitima, para uma pessoa que sabe se defender. Não há mais segredos. Então empunha suas mãos, mantenha sua guarda e não deixe eles cruzarem seu campo de ataque. Mas passe a gritar. Tem especialistas que dizem para gritar fogo. E não dizer chame a policia. Eu digo grite o que você achar que vai lhe safar dessa. Só não grite algo como. “Tô aqui. Me ajudem!”, no intuito de intimidar eles, querendo demonstrar que não está sozinho. Pode ser que eles queiram ver quem vem te ajudar. E as vezes, mesmo tendo gente, se elas não estiverem preparadas para a situação, podem servir como forma de lhe coagir, caso uma delas seja capturada (tipo situação refém mesmo). Tempo é tudo numa briga dessas de vida ou morte. Vá para lugares abertos. Aponte para uma câmera. Grite policia, por mais que ela não venha. Você está se defendendo e em menor número. Eles estão te atacando em grupo. Eles sabem que, neste sentido estão em desvantagem. Então se não te eliminarem rápido e escaparem, vão ter encrenca. E, acredite, eles acreditam nessas forças policiais etc. Então eles não querem ser fichados, ou virarem alvo de pseudo investigação policial e eventos midiáticos sobre a situação, pois tem medo de sofrerem perseguição, tanto do grupo anarquista, como da sociedade de forma geral e local em que residem. Desta forma, o tempo está a seu favor. Quanto mais tempo conseguir segurar, mais inseguros e aberto a erros eles estarão. Eles precisam te eliminar rápido. Você não deve ter pressa nenhuma. Isso não quer dizer que não precisa ser rápido. Pelo contrário. Ataque de forma visceral e sem lhes dar chance. Quanto pior a situação para eles, e quanto mais eles entenderem que você é um perigo grande que eles não entendem bem o que está acontecendo, melhor é para você. Gere confusão.

Tudo isso aqui acima, são exemplos, rotineiros diria, para alguns militantes. Mas longe de ser um manual completo, detalhado sobre essas ocorrências. Para isso demanda estudo apropriado sobre o tema. Mas espero que isso sirva de introdução para a situações como essa e qual um possível caminho para lidar com isso, baseado em experiencia real.

Deixando claro que as experiencias que tive, se deram a alguns anos atrás. Porém identifico muitas coisas em comum ainda. Práticas semelhantes, e infelizmente em crescimento nesse último ano para cá.

No mais queria deixar claro a vocês, que o que se observa de forma objetiva, é que é necessário algum tipo de entendimento sobre técnicas e todo um estudo básico de boas e efetivas práticas de artes marciais. Não dependendo necessariamente de um corpo escultural, pronto para a batalha. Mas através da prática marcial, o corpo necessário para realizar as técnicas de forma efetiva será construído naturalmente e no mais, sabendo aplicar conceitos básicos de forma eficiente, o que impera é a atitude e a condução da situação. Enfraquecendo o seu inimigo psicologicamente de forma a fazer ele cometer erros graves que lhe garantirá uma defesa com sucesso. O psicológico é mais forte que a técnica, a técnica é mais forte que o corpo. Todavia somente os três juntos lhe proporcionam uma defesa real contra conflitos desta e de outros tipos de natureza.

A cultura da Auto-Defesa

O anarquismo passou por diversas fazes e dentre os diversos grupos outras tantas. Mas alguns trabalhos são notáveis no intuito de impulsionar um tipo de comportamento entre os militantes no sentido de assegurar sua integridade física e de suas ações. Como por exemplo o manual de segurança, conhecido por muitos. Onde disserta de forma simples sobre infiltrados, ou pessoas que fazem parte do grupo, mas por terem comportamento x ou y põem em risco o ativismo e a militância dos demais etc. Nos falando sobre a importância de uma cultura de segurança.

Pois aqui eu digo que eu acho que precisamos de uma cultura de autodefesa, antes de pensar em partir para outros níveis de ação. A cultura de autodefesa, para militantes e ativistas em geral, no meu entender é essencial. Para evitar que grupos possam agir de forma coercitiva sobre nós. É justamente o fato de entenderem que somos presas fáceis, por terem o discurso que nós somos de um jeito x ou y. Que somos somente paz e amor e não machucamos ninguém, só queremos saber de bagunça e tantos outros estereótipos sobre nós anarquistas, que tais grupos se sentem na posição de habilitarem-se a nos perseguir para nos eliminar. Sabendo que não somos uma ameaça física coercitiva a eles. Podem atacar quando quiserem. Nós não iremos a policia, nós não temos força para reagir, por tanto não sofrem o risco de retaliação, e caso ataquem, não conseguiremos nos defender, pois em grupo ou individualmente, nós não temos a cultura de autodefesa dentro dos debates anarquistas. Nossa prática ainda é a de grupo de estudos, no intuito de tentar esclarecer o que é anarquismo e debater a sua “natureza”, como implementá-la etc.

Óbvio que tudo isto é válido. Afinal é desses debates que saem atualizações de aplicação das hipóteses e teorias anarquistas na sociedade, como implementá-la entre outras. Mas sem trabalhos que busquem fornecer e alertar anarquistas sobre o perigo real de grupos fascistas, carecas etc; e como nos defender desses ataques que rumam intimidar o nosso movimento a partir da ameaça a nossa integridade física. Muitos se escondem e evitam certas coisas ou comportamentos em certas localidades. Ou se põem em medo, ou partem a provocações (que as vezes também é o que procuram) desses grupos contrários a nós, sem a noção de que a eles se habilitam a retaliação de tais atos, pela forma física, pois lhes falta o argumento. Por tanto devemos nos preparar, para que não sejamos compreendidos como alvos fáceis e que saibam que quando mexerem com qualquer um de nós, estaremos preparados para nos defender. Restando-lhes debater suas ideias contra as nossas. Mas bom, eu tenho uma leve impressão que se no campo da porrada eles tem uma ligeira vantagem, que pode ser facilmente contornada. No campo do debate temos uma vantagem gigante, que nem em anos eles conseguirão derrubar visto os acontecimentos históricos e dados que temos para jogar na mesa do debate ao nosso favor.

Tenhamos argúcia. Aprendamos a ter uma cultura de defesa pessoal em nossos círculos, coisa que alguns grupos já fazem, mas precisamos generalizar isso. Passando assim a mudar a dinâmica desse tipo de coerção, dificultando-a ao extremo e passando a vantagem para o nosso lado.

Saúde e Anarquia,

Calango Negro

Perguntas e outros:

calangonegro@riseup.net

Links úteis

O que ("não") fazer contra a policia, de acordo com Grão Mestre Wong.
Don't f*ck with Riot Police
Embora os conceitos sejam postos de forma, bem "bonitinha" e não 
necessariamente aconteçam na ordem que o vídeo cita (além de uns 
estereótipos, creio eu, por conta do público alvo do instrutor.) 
Os conceitos são bem válidos.
Conceitos de Defesa Pessoal
Briga de Rua 1
Briga de Rua 2
Briga de Rua 3
Facas Passionais
A treta do Jiu Jitsu contra o Jiu Jitsu (defesa pessoal)
Outro instrutor. Lógica semelhante, porém, demonstra aquela coisa 
que falei da linguagem corporal acima (que tive dificuldade em 
demonstrar). Também demonstra como uma pessoa preparada demonstra
técnicas perigosas de forma segura. Não enconrajo ninguém a
realizar o mesmo teste sem a supervisão de alguém devidamente
qualificado.
Briga de Rua (outra perspectiva)
Exemplo de teste para técnica de forma segura (não façam em casa crianças)
Diferença entre a "porradaria mágica", a prática de uma arte marcial,
e enxergar o que deve ser feito ante uma agressão real.
"Porradaria Mágica"
"Mais porradaria mágica" vs realidade
Prática Marcial e entender a "realidade"
A questão Aikido -> Praticante explica algumas coisas interessantes.
Dois canais que eu particulamente sigo, em especial o primeiro.
Sobre defesa pessoal e técnicas. Mas se não sabe nada, recomendo que:
Guarde esse artigo, prática algo e depois que estiver confortável com
suas técnicas volte aqui e veja esses canais. No mais cheqe ai. Não 
machuca e é de graça. kkkkk
Funker Tactical
Fight Science

No mais galera há toneladas de material que serve a vocês. Isso é, e acredite, uma simples introdução. Siga no seus treinos. Desenvolva uma cultura de defesa pessoal, espalhe isso a todos. E no próximo artigo tem mais coisas interessantes, digamos assim. Como o outro este é o primeiro de um trio de artigos que juntos fazem sentido, mas, mesmo separados, podem servir de apoio para diferentes finalidades.

Muito Obrigado.

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